quinta-feira, 17 de setembro de 2015

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DOS HOMENS

Semana passada, graças a um novo filósofo-humorista esquerdomacho pós-moderno, que vem reiteradamente fazendo piadas hilárias sobre o feminismo (incluindo “sobrancelhas de radfem” e “a única protagonista da luta deve ser a própria luta”), várias feministas perderam seu precioso tempo, 30% menos remunerado que o dos homens, pra explicar pela enésima vez pra um bando de macho branco privilegiado por que: homens não podem ser feministas. Homens podem até teorizar sobre feminismo, mas como não têm a vivência feminina, qualquer teoria que não leve essa vivência em conta, além de inútil, ainda costuma atrasar nossa luta.

Mas, não fiquem tristes. Esse é um espacinho, enquanto todo o resto do mundo lá fora é de vocês. Nem fiquem com medo da gente também, não. Somos poucas, pouquíssimas. A maioria das mulheres ainda tá presa a vocês, então, relaxem, vosso mundo não vai acabar tão cedo, nem vossos privilégios. A maior parte do feminismo também ainda baba o ovo de vocês, isso sem falar no Queer... Nós, as “radicais” (aqui entendidas como as feministas que se alinham ao feminismo radical, e também qualquer uma que exclua homens de sua prática e discurso), não temos poder nenhum, além de vos “silenciar” com um block no face. Mãe, ela me bloqueou! Buáááááá! Mas, nosso poder sobre vocês e seu mundo não vai além disso. Ufa (pra vocês)! E, vocês também nos bloqueiam quando ousamos discordar da vossa opinião de macho branco privilegiado, então, como a gente dizia na infância: pronto, empatou!

Segundo alguns, essa é uma atitude não acolhedora, que não visa a um mundo melhor e solidárizzzz... Exato! Porque feminismo não se trata de acolher ninguém que não seja mulher, nem visa a uma solidariedade abstrata que, no final das contas, só beneficia aos... homens brancos privilegiados! Feminismo é sobre mulheres, de mulheres, para mulheres. Indiretamente, feminismo também se trata de lutar contra o racismo, o classismo e outras opressões e preconceitos. MAS, feminismo não se trata jamais de dar (mais) voz àqueles que já são donos de 90% da voz neste mundo: homens brancos privilegiados. Não visamos a ser solidárias com nossos opressores, até porque eles não o foram conosco, e ainda não o são, há mais de 10 mil anos! E, se essa atitude, de colocar mulheres à frente e acima dos homens, levar esses mesmos homens a nos chamarem de fascistas (eufemismo pra evitar o clássico feminazi), ótimo: sinal de que estamos fazendo um bom trabalho!

Mas, pra não dizer que não falei dos homens, e pra aquelas que ainda acreditam em “como vamos mudar o mundo sem contar com metade da humanidade?”, e também pra aqueles que querem porque querem participar do feminismo, aí vai uma listinha básica de 10 coisas que todo homem privilegiado pode fazer pra contribuir com o feminismo:

1. CRITIQUE A MISOGINIA NAS OBRAS DOS HOMENS

Antes de falar merdas, como “give peace a chance” ajudou muito a humanidade, lembre-se de que John Lennon abusou de suas duas esposas e transformou a vida de Yoko num inferno. A rola, quer dizer, a pomba de Picasso também fez muito menos pela humanidade do que qualquer homem pode acreditar, mas garanto que arruinou a vida de diversas mulheres. E vou contar um segredo que você provavelmente não sabe: Gandhi, aquele pregador da paz, era estuprador, pedófilo, e deixou um legado de estupros que se perpetua na Índia até hoje (http://www.theguardian.com/commentisfree/2010/jan/27/mohandas-gandhi-women-india) → Foi um homem que escreveu, então deve ser verdade!

Ah, mas eu não misturo a obra com a vida particular dos artistas/estadistas! Óbvio, porque ninguém quer admitir que seu ídolo é um escroto. Então, nos limitemos a criticar apenas as obras mesmo, que têm tanta, mas tanta misoginia, que já seria suficiente pra uma vida inteira de críticas. Só duas dicas de por onde começar: letras do Chico Buarque e filmes do Woody Allen. Só isso já daria uma tese ou duas. Só pra começar a discussão, leiam http://observatoriofeminino.blog.br/cultura/sou-mulher-e-chico-buarque-me-compreende/#.VfhFbhFViko e http://tepergunteialgumacoisafeminista.blogspot.com.br/2015/07/para-mia-farrow-ou-vende-se-colecao-de.html.

2. LEIA, VEJA, ADMIRE OBRAS DE MULHERES

Paralelamente a criticar a misoginia de seus ídolos, dedique um mínimo de tempo a ler obras escritas por mulheres, a ver filmes feitos por mulheres (tão poucos!). Você pode até continuar venerando os machos que sempre venerou, mas se quer se dizer pró-feminista, você terá que abrir um mínimo de espaço pra mulheres em sua vida. Sugiro começar com uns 10%. A cada nove livros escritos por homens que você ler, leia um escrito por uma mulher. O mesmo pra filmes dirigidos por mulheres. Se você é professor, trabalhe essas obras com suas alunas e alunos. Se você é jornalista, publique sobre essas obras. Se você é bibliotecário, privilegie mulheres na hora de adquirir livros pra biblioteca. Se você é apenas leitor ou público, leia e veja mais obras de mulheres.

3. NÃO CRITIQUE A APARÊNCIA DE MULHERES FORA DO PADRÃO
Dizer que sua amiguinha está com “sobrancelhas de radfem” e depois se dizer pró-feminismo não cabe. Simplesmente, não cabe. Se você se diz pró-feminismo, a atitude correta é jamais oprimir uma mulher pela sua aparência, seja ela qual for. E isso vale inclusive pras mulheres que estão dentro do padrão, e acabam oprimidas por serem “bonitas demais”, e não terem sua inteligência reconhecida, por exemplo. Parem de olhar pra mulheres como pedaços de carne, sem cérebro. Escutem primeiro o que uma mulher tem a dizer, antes de verificar se ela tem pelos nas axilas, ou não faz as sobrancelhas.

E NUNCA digam que uma mulher que se recusa aos rituais de feminilidade é “masculina” ou quer se parecer “com um homem”. Recusar as amarras da opressão não significa querer se igualar ao opressor, muito pelo contrário. Significa estar ciente de que meu sexo é obrigado a rituais que o seu não é, e que eu recuso conscientemente esses rituais. Não usar maquiagem, não me depilar, usar roupas compradas na “seção masculina” não fazem de mim mais ou menos “masculina”, nem mais ou menos mulher, mas sim mais ou menos ocupada em agradar ao olhar masculino, que é o objetivo de todos esses rituais.

Mas, isso não dá a você, homem, o direito de novamente nos dividir em “umas e outras”, e só levar a sério mulheres que recusam a feminilidade. Mulheres se obrigam a esses rituais pelos mais variados motivos, e não cabe a você, homem, criticar as mulheres que se subordinam ou não. Não vincule o que uma mulher diz ao fato de ela se submeter aos rituais de feminilidade ou não. Uma mulher que usa maquiagem tem tanto a dizer quanto uma que não usa. Uma mulher que está em cima de um salto 15 tem tantas ideias quanto uma de tênis. Enfim, tente fazer como naquele programa de aspirantes a cantores, e ESCUTE a voz de mulheres, antes de verificar sua aparência, e encaixá-la nesta ou naquela caixinha.

Se você quiser se colocar no lugar das mulheres em relação aos rituais da feminilidade, leia essa pequena crônica: http://tepergunteialgumacoisafeminista.blogspot.com.br/2015/09/dois-pesos-duas-medidas.html.

Se quiser saber mais por que mulheres que recusam a feminilidade não são “masculinas”, leia: http://www.geledes.org.br/por-que-resistir-a-feminilidade-deveria-fazer-parte-de- nossas-lutas/?fb_ref=fa6678b893e842208ade3ceb7414c684-Facebook.

4. NÃO USE LINGUAGEM MISÓGINA
Quase todos os xingamentos usados, pra ofender tanto homens quanto mulheres, ofendem as mulheres, antes de mais nada. Filho da puta, corno, mulherzinha, viado, vai tomar no cu.

Mas, muitas mulheres usam! Sim, muitas usam. Já vi cena de seriado em que a irmã chamava o próprio irmão de filho da puta, ou seja, tava chamando a própria mãe de puta! Isso porque o irmão dela tinha estuprado a filha dela, ou seja, sobrinha dele. Muitas feministas mesmo, inclusive eu, têm dificuldade em mudar sua linguagem, mas com um esforço consciente, não é tão difícil, principalmente na linguagem escrita. Então, se policie pra evitar isso. A cada vez que você escrever “filho da mãe”, volte três casas e substitua por algo não misógino. Se for na fala e não der pra voltar atrás, se policie pra não acontecer de novo. Assim, devagar, sua linguagem vai mudando, sem muita dificuldade.

Mas, é tão difícil encontrar um palavrão não-misógino! Ótimo, sinal, então, de que você já entendeu como usá-los é problemático e vai parar com eles, né?

5. NÃO FAÇA E NÃO RIA DE PIADAS MACHISTAS

Mas, é só uma piada! Não, não é só uma piada. Piadas são parte do discurso usado pra naturalizar opressões, pra que coisas inventadas pareçam naturais ou biológicas. Mas, se você tem uma compulsão por fazer piadas, faça piadas assim, ó: “um homem branco rico entrou numa padaria...”, ou “um homem branco hetero e outro homem branco rico estavam em um barco...”.

Ah, mas aí não vai ter graça! Então, você admite que a graça está em debochar dos mais fracos, né? Logo, acho que você já entendeu por que não pode nem fazer, nem rir de piada machista.


6. NÃO CANTE MULHERES NA RUA, NEM AS COMA COM OS OLHOS

Homens não cantam mulheres na rua, ou as devoram com os olhos, como forma de elogio, ou mesmo por um verdadeiro interesse naquela mulher em específico. Tá, tudo bem que eu tenho uma ex-aluna que conheceu o marido no ônibus, mas isso é exceção. Na verdade, com cantadas de rua, homens estão dizendo pra aquela mulher “seu espaço é o doméstico e o meu é o público. O preço que tu pagas por 'invadir' meu espaço é esse”. É por isso, também, que se espalham nos bancos de ônibus, nos espremendo contra a parede. É por isso, também, que chefes se sentem no direito de cantar funcionárias. É por isso, também, que motoristas de táxi se sentem no direito de cantar passageiras. É por isso, também, que alunos se acham no direito de cantar professoras, e professores, alunas. E alunos também se sentem no direito de colocar suas mãos nas alunas o tempo todo, em sala de aula, no recreio etc. É o homem falando na cara da mulher “você está ocupando meu espaço, e eu vou fazer tudo que puder pra te expulsar do espaço público, de volta pro espaço privado, eu vou te fazer odiar seu próprio corpo, que 'atrai' essas cantadas, eu vou te fazer ter medo de mim toda vez que sair na rua”. E o estupro nada mais é que a consolidação máxima dessa mensagem. Então, sim, você que olha pra mulheres assim na rua tem muito em comum com um estuprador, sabia?

7. NÃO SEJA CAVALHEIRO

O cavalheirismo é, provavelmente, a forma mais sutil de um homem colocar uma mulher “no seu devido lugar”. É dizer bem baixinho, ao pé do ouvido, “você é tão inútil, que é incapaz de abrir a própria porta ou puxar a própria cadeira, você é um ser tão, mas tão inferior, que é incapaz de carregar a própria bolsa” ou “você é tão delicada e precisa da minha proteção, que não pode ouvir um palavrão, então, quando eu falo um na sua frente, eu peço desculpas”. Obviamente, não estou dizendo que todo homem que faz isso sabe que o está fazendo. Não é algo consciente, mas, sim, enfiado na cabeça deles desde cedo: “filho, quando uma moça for passar pela porta, você deve abrir pra ela, porque é isso que faz um cavalheiro”. Então, agora, que você já é adulto e já pode problematizar as besteiras que teu pai te falava, pare de ser cavalheiro. Respeite as mulheres como gente, em vez de as colocar num patamar inferior.

Isso não significa dizer que você não deve ser GENTIL. Gentileza e cavalheirismo são bem diferentes. E a diferença fundamental é: gentileza a gente faz com QUALQUER PESSOA, e cavalheirismo só com mulheres. Exemplo: se uma pessoa de 1,60 precisar pegar algo em cima do armário, você, com 1,80, deve ajudar. Mas, você deve fazer isso por qualquer ser humano de 1,60 e não apenas por mulheres de 1,60. Você pode continuar abrindo portas pra qualquer um, desde que seja PRA QUALQUER UM, e não apenas pra mulheres. Ajude os idosos, homens ou mulheres, ajude as crianças, homens ou mulheres. Ajude quem for, SEM SE COLOCAR NUMA POSIÇÃO SUPERIOR.

Mais sobre como o cavalheirismo é uma praga pras mulheres aqui: http://reginanavarro.blogosfera.uol.com.br/2013/05/04/o-cavalheirismo-e-nocivo-as-mulheres/.

8. NÃO CONSUMA PORNOGRAFIA OU PROSTITUIÇÃO

Pornografia e prostituição são duas facetas da cultura do estupro em que vivemos, que são, muitas vezes, consideradas inofensivas, e talvez por isso mesmo sejam tão perigosas. A pornografia ensina aos meninos, cada vez mais cedo, que mulheres gostam de ser mal tratadas e abusadas, e ensina isso às meninas também, o que é ainda pior! Assim, meninas crescem achando que, se não fizerem aquilo tudo, serão “trocadas” por outras que façam, crescem acreditando na falsa ideia de “liberdade sexual feminina”, que só beneficia aos... homens! Já os meninos crescem e viram homens que pagam prostitutas, pra cometer contra elas todo tipo de abuso que, muitas vezes, as namoradas ou esposas não estão dispostas a fazer. Ou, até estão, mas eles gostam de uma variedade também.

Sobre as consequências horrendas da pornografia pras meninas que estão iniciando a vida sexual, mais aqui: http://www.festivalmarginal.com.br/sexo/a-pornografia-tornou-o-panorama-da-adolescencia-irreconhecivel/.



9. NÃO ESTUPRE OU ABUSE DE MULHERES

Ah, mas isso é óbvio. Nem tanto... Não estou falando só daquele estupro em que o macho fica atrás de uma moita, esperando uma moça passar, na rua deserta, pra atacá-la. Em geral, esse tipo de estupro tem a crítica de vários homens também, quem diria! Tô falando daquele estupro mais sutil, daquele “amigo” que se aproveita da amiga bêbada na festa (quem mandou beber?), daquele “amigo” que se aproveita da amiga que resolveu dormir na casa dele, por ter medo de voltar pra casa tarde da noite (se dormiu na casa de homem, é porque tava querendo), daquele “amigo” que acha que “quando mulher diz não, tá querendo dizer sim”, daquele “namorado” que pressiona a namorada virgem pra transar porque ela “não é mais criança” e “ele tem necessidades”, enfim, todos esses estupros sutis do dia a dia.

E não falo apenas de abuso físico, que com esse muitos homens também não concordam. Falo daqueles abusos também sutis do dia a dia, do gaslaite, do mansplaining, e todos esses nomes difíceis em inglês, mas que, na verdade, descrevem problemas bem brasileiros mesmo; falo da manipulação psicológica que TODA mulher já sofreu e TODO homem já praticou, seja em relacionamento amorosos, ou de trabalho, amizades etc. Se você quer saber o que vocês fazem com as mulheres, muitas vezes sem nem perceber, mais aqui: http://www.cartacapital.com.br/blogs/escritorio-feminista/como-reconhecer-a-armadilha-de-um-relacionamento-abusivo-1323.html

10. ESCUTE AS MULHERES

Dizer que quer dialogar com as feministas radicais e bloqueá-las na net não é realmente uma abertura ao diálogo, né? Dizer que quer diálogo, quando, na verdade, quer impor sua opinião, também não é. Dizer que quer diálogo, mas em que só o lado privilegiado fala, em vez de escutar, também não é diálogo. Dizer que quer diálogo, mas explicar a mulheres sobre sua própria vivência, em vez de ESCUTAR o que elas têm a dizer sobre essa vivência, não, não é diálogo.

Um diálogo entre membros de classes diferentes deve ser pautado pelo lado opressor OUVIR o que o lado oprimido tem a dizer, antes de mais nada. Fazer perguntas sinceras, e não apenas capciosas, também deve ser parte desse diálogo. Ter paciência pra ouvir o outro lado, e pra aturar toda a sua raiva, também. A raiva que mulheres muitas vezes têm de homens é justificada, e não deve ser menosprezada pelos próprios causadores – direta ou indiretamente – dessa raiva.

E, quando uma mulher te excluir do debate sobre feminismo, JAMAIS diga que ela está te segregando, porque em nenhum lugar desse planeta, mulher tem poder pra segregar homem. Qualquer mulher tem o direito de excluir homens privilegiados de seus espaços, pois isso é uma estratégia de sobrevivência e manutenção da nossa sanidade mental. É pura falsa simetria se vitimizar e achar que você foi o excluído, a vítima. Ainda mais, se você pretende bloquear outras mulheres posteriormente, né, kiridinhu?

Aqui como homens não podem ser segregados por mulheres, não com base no gênero: http://www.festivalmarginal.com.br/inspiracao/feminismo-segrega-os-homens/

Então, amigo, ou ex-amigo (porque, no meio tempo em que escrevia esse texto, o ser humano do sexo masculino que o inspirou bloqueou todos os contatos comigo), que quer realmente AGIR em prol do feminismo, e não apenas APARECER às nossas custas, se você fizer metade dessas coisas, a gente já terá muito a agradecer (apesar de serem apenas ações decentes, que qualquer ser humano deveria fazer). Ah, não se esqueçam também da dica número

11. CRITIQUE SEUS AMIGOS QUE FIZEREM QUALQUER UMA DAS 10 COISAS ACIMA!

Xi, mas aí eu serei o chato do rolê! Será mesmo, e, se você não quer pagar nem esse pequeno preço, então, você acha mesmo que pode fazer parte do feminismo?

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS

Naquela manhã, ele acordou super atrasado. Se olhou no espelho e pensou “ou faço a barba, ou perco o ônibus” e, como não podia chegar atrasado na prova, não fez a barba. Chegou a pensar em usar um lenço cobrindo o rosto, mas estava muito calor, então, saiu assim mesmo.

O ônibus estava lotado, e ele não sabia se se segurava ou tentava cobrir o rosto com o braço, porque os olhares começaram a incomodar. Acabou resolvendo se segurar, mas abaixou bem o rosto pra ninguém ter que ver aquela vergonha na cara dele.

Foi mal na prova, porque os colegas e o professor também não paravam de encarar. Ainda tentou comprar uma lâmina no caminho pro trabalho, mas não deu tempo. Então, foi assim mesmo. Péssima decisão. Era melhor ter chegado atrasado.

Logo na recepção, deu de cara com a chefe, que o olhou com cara de nojo. Antes do almoço, foi chamado pra uma reunião sobre sua aparência. Já não era a primeira vez que aparecia sem fazer a barba, e numa empresa daquele porte, isso não pode ser tolerado, pois, afinal, os clientes reparam, e o cliente tem sempre razão. Se acontecesse novamente, seria demitido.

Depois do trabalho, saiu pro happy hour com os amigos, e achou que poderia desabafar com eles, mas ledo engano. Todos concordaram com a chefe, de que aquilo era falta de higiene, e ele deveria acordar mais cedo, e ser mais cuidadoso com a aparência.

Foi pra casa, chateado, achando que a esposa seria mais compreensiva, mas a reação foi igual ou pior que a dos amigos. Ainda colocou a culpa nele por uma possível futura demissão, que iria prejudicar a vida financeira do casal, e disse que não iria segurar as pontas. Se ele fosse demitido, ela se separaria, que ela não tá ali pra sustentar vagabundo desempregado.

E foram dormir sem sexo, porque a esposa tava com nojo daquela cara não depilada.

SE ESSA HISTÓRIA NÃO FAZ O MENOR SENTIDO PRA VOCÊ, POR QUE A HISTÓRIA ABAIXO FAZ? 



Naquela manhã, ela acordou super atrasada. Se olhou no espelho e pensou “ou raspo as axilas e as pernas, ou perco o ônibus” e, como não podia chegar atrasada na prova, não raspou as axilas nem as pernas. Chegou a pensar em usar uma blusa de mangas e calça comprida, mas estava muito calor, então, usou um vestido leve sem mangas, q ia até o joelho.

O ônibus estava lotado, e ela não sabia se se segurava ou se abaixava os braços, porque os olhares começaram a incomodar (pelo menos, assim, ninguém via suas pernas). Acabou resolvendo se segurar, mas abaixou bem o rosto pra ninguém ter que ver que estava morrendo de vergonha.

Foi mal na prova, porque os colegas e o professor também não paravam de encarar. Ainda tentou comprar uma lâmina no caminho pro trabalho, mas não deu tempo. Então, foi assim mesmo. Péssima decisão. Era melhor ter chegado atrasada.

Logo na recepção, deu de cara com o chefe, que a olhou com cara de nojo. Antes do almoço, foi chamada pra uma reunião sobre sua aparência. Já não era a primeira vez que aparecia sem depilar as axilas e/ou as pernas, e numa empresa daquele porte, isso não pode ser tolerado, pois, afinal, os clientes reparam, e o cliente tem sempre razão. Se acontecesse novamente, seria demitida.

Depois do trabalho, saiu pro happy hour com as amigas, e achou que poderia desabafar com elas, mas ledo engano. Todas concordaram com o chefe, de que aquilo era falta de higiene, e ela deveria acordar mais cedo, e ser mais cuidadosa com a aparência.

Foi pra casa, chateada, achando que o marido seria mais compreensivo, mas a reação foi igual ou pior que a das amigas. Ainda colocou a culpa nela por uma possível futura demissão, que iria prejudicar a vida financeira do casal, e disse que não iria segurar as pontas. Se ela fosse demitida, ele se separaria, que ele não tá ali pra sustentar vagabunda desempregada.


E foram dormir sem sexo, porque o marido (barbudo e peludo) tava com nojo da buceta não depilada.