domingo, 31 de maio de 2015

ERRO NÚMERO 10: MULHER NÃO GOSTA DE DIETA

Essa veio da mesma lista que a anterior...



Então, além de ser engraçado ver uma mulher se contorcendo pra entrar num jeans, eles também não entendem por que vivemos de dieta? É isso mesmo? Isso pra mim só pode querer dizer uma de duas coisas: esses homens são muito burros de não ver a ligação entre as duas coisas, ou são desonestos mesmo e apenas se fazem de burros. Nenhuma das duas pega bem. E são os mesmos homens que jamais ficariam com uma mulher gorda, ou terminariam um relacionamento caso a mulher engordasse. Então, o que será? Querem que a gente coma o bolo ou não?! Porque uma coisa é certa: you can't have your cake and eat it too; ou seja, ou você come o bolo ou você é magra. Pouquíssimas pessoas são beneficiadas por uma natureza que permite fazer as duas coisas a vida inteira.

Mulheres só “vivem de dieta” e só “falam de dieta” por causa das imposições que nos são colocadas e da gordofobia da nossa sociedade, que nos atinge dez vezes mais que atinge os homens, embora eles também sejam vítimas. A diferença é que, pra um homem ser vítima de gordofobia, ele tem que ser realmente gordo. Tem que ser do tipo que ocupa dois lugares no ônibus, ou não passa na roleta. Pra uma mulher, basta existir. Todas nós, até as magras, somos vítimas do que a gordofobia faz com a cabeça das mulheres. Uma mulher magra viverá tentando manter a magreza, mesmo que para isso tenha que apelar pra dietas nada saudáveis. E as mais gordas passarão a vida tentando alcançar o padrão magro. Praticamente nenhuma mulher conseguirá passar pela vida sem se preocupar com quantas calorias tem numa fatia de bolo. Quantos homens se preocupam com isso?


Eu sei, desde os 15 anos, quantas calorias tem em várias coisas, dentre elas, um brigadeiro, com incríveis 100 calorias, mais ou menos o mesmo que dois copinhos de iogurte, ou duas maçãs. Uma fatia de bolo como essa da foto não tem menos do que 500 calorias, o que equivale a um prato de massa com molho light. Também sei que uma mulher adulta, por dia, gasta em média 2000 calorias, mas, de dieta, deve consumir no máximo umas 1200, se quiser emagrecer. Aí depende de quanto exercício ela tá disposta a fazer também, porque uma aula de spinning pode gastar até 400 calorias, ou seja, quatro brigadeiros, mas nem uma fatia de bolo inteira! Sim, eu sei disso tudo. Já faz parte do meu HD. E olha que sempre fiz questão de não ser boa em matemática, mas esse tipo de conta eu sempre soube fazer. E mesmo não fazendo mais dieta, e não me preocupando mais com isso, duvido que esse conhecimento inútil vai sair da minha cabeça algum dia. Tá lá, entranhado, não sai mais, junto com “como se deve aplicar um creme no rosto, pra otimizar sua eficiência (com movimentos de baixo pra cima e de dentro pra fora, sempre)” e “listras horizontais engordam, e verticais aumentam a altura”.  

ERRO NÚMERO 9: A MODA FEMININA NÃO TEM GRAÇA

Essa eu encontrei em uma dessas listas de coisas que os homens acham da gente que a gente não sabe, ou alguma tosqueira assim...



Quem não lembra do comercial da moça “cheiinha” que compra um jeans que não cabe, vai pra casa, começa a dieta, faz exercícios enlouquecidamente, até conseguir entrar na tal calça? No comercial, ela deita assim, até conseguir fechar a calça. (Quem tem menos de 35, nem tente lembrar. Coisas dos anos 1980, quando ainda não havia “feminazi gorda chata pra reclamar de machismo e gordofobia na TV”). Aliás, vestir jeans assim, como a mulher da foto, foi uma das primeiras coisas que aprendi com minha mãe. Se não me engano, é ela que tem uma história, aparentemente hilária pros homens (tragicômica pra mim), de se deitar na cabine da loja e não conseguir levantar. Se não é ela, poderia ser. Porque uma das minhas memórias mais antigas das adultas na minha vida (não só minha mãe, mas tias e a madrinha da minha irmã), é de vê-las deitadas assim, encolhendo a barriga até fechar o jeans. Ir ao banheiro a noite toda, nem pensar! (Depois não sabem porque mulher tem mais problema renal que homem.)

Realmente, deve ser muito engraçado, você, homem, em suas calças confortáveis, ficar de longe, rindo de nós tentando entrar nas calças femininas.Uma vez, uma amiga, tentando responder em que aspecto as mulheres realmente ganharam equidade e não só ilusões (como são o voto, e o direito de ter dupla ou tripla jornada), disse: no direito a usar calça. Não, amiga, se enganou... As calças femininas não são feitas pra dar direito nenhum a mulheres, só a homens. É ao olhar masculino que elas agradam. Sempre superjustas, marcando o corpo todo. A amiga concordou e até hoje não conseguiu responder à pergunta.

Mas, você pode dizer, eu gosto de calças justas! Amiga, gosto é construído social e culturalmente também, então você pode até achar que seu gosto é só seu, intrínseco, apenas baseado em fatores estéticos, em como as calças ficam no corpo etc, mas não é. E aliás, acho muito difícil acreditar que alguém realmente goste de vestir algo que aperta, arranha, esquenta, e que toda hora tem que se verificar se a roupa de baixo tá aparecendo.

Mas, você pode dizer, mulher nenhuma é obrigada a usar calças justas. Muitas mulheres até compram modelos masculinos. Sim, é verdade. Mas, nenhuma mulher faz isso sem que junto venha algum julgamento: é lésbica? É hippie? É relaxada? É feminista? E, dependendo da profissão, ela não arrumará emprego vestida assim. Já não basta querer trabalhar fora, ainda quer se vestir com conforto? Não, é pedir demais. Uma coisa ou outra. Ou seja, algo que qualquer homem faz todo santo dia: sair por aí com calças largas, que não se ajustam ao corpo, com aquela bunda amassada, pra uma mulher, pode ter um preço, às vezes, tão caro de pagar, que muitas continuam se espremendo nas calças femininas pra nem pensarem nisso.


Então, homens que riem de suas parceiras tentando entrar numa calça jeans, parem. Em vez de rir, pensem um pouco sobre seus privilégios, inclusive o de andar por aí vestido de qualquer jeito, sem serem julgados por isso, o que parece uma bobagem, mas não é. Toma-nos um tempo enorme, pra fazer coisas que vocês fazem em muito menos tempo. E tempo é dinheiro, e nós já ganhamos menos! Então, parem de rir, porque não tem a menor graça. Ou continuem rindo, aliás. Eu, se fosse homem, riria todo dia também, de não ser parte de uma classe que tem que deitar no chão sujo do provador simplesmente pra entrar numa calça!

sábado, 30 de maio de 2015

ERRO NÚMERO 8: MORAR COM HOMEM NÃO É SONHO, É PESADELO


Dia dos namorados tá chegando, então essa vai pra todas as pombinhas apaixonadas que acham que viver com um homem é um sonho: no dia em que o sonho se realizar, ele vira pesadelo!

Prepare-se pra automaticamente ter um filho de 6 anos de idade, sujando muito mais do que você pode dar conta de limpar, largando coisas espalhadas por todos os cantos, mas que sabe articular a linguagem como um adulto. Se você reclamar, você é a neurótica que “coloca as coisas inanimadas acima do amor” e outras pérolas. Se você tentar dar conta de arrumar tudo, não fará outra coisa na vida. Ou você terá que relaxar e aprender a viver na bagunça, ou se separar e viver sozinha. E isso tudo por um motivo bem simples: homens e mulheres se casam por motivos diferentes.

Mulheres se casam com base nessa ilusão do meme: “só eu e você, nossa bagunça”. Nossa casinha, onde a gente vai viver nosso amorzinho de conto de fadas cor-de-rosa, tudo lindinho, fofinho, harmônico. Homens se casam pra ter uma mãe pra cuidar deles, e ainda ter sexo grátis em qualquer cômodo da casa. Isso até virem os filhos, pra dar continuidade ao nome da família, óbvio. Eles foram educados pra procurar por isso, uma mulher que continue fazendo o que sua mãe (ou a empregada) fazia: lavar, passar, procriar, cuidar. Sem reclamar. Não tem como uma equação dessas dar certo.

Mas, antes que a patrulha do #notallmen chegue dizendo que “nem todo homem é assim zzzzzz”, estou falando da regra e não das exceções. Elas existem, até mesmo pra provar a regra. E a regra, nesse caso, é que mulheres e homens se casam com objetivos diferentes, e isso leva a inúmeros problemas. E mesmo aqueles que, no nível consciente, dizem que não fazem isso, que isso tá ultrapassado, ainda “caçam” suas parceiras com base nesse critério, mesmo que num nível subconsciente. Aí quando “dão uma chance” a uma mulher que não se adeque aos critérios de seleção, se acham o máximo por serem “diferentes”. Olha como eu sou um omi moderno, minha mulher nem lava minhas cuecas! E eu até cozinho. Se acham o máximo quando “ajudam” em casa, pois, afinal, a obrigação não é deles e, se eles “ajudam”, é porque são grandes homens, melhores que a maioria. Ou seja, por fazer o mesmo que mulheres sempre fizeram, acham que merecem um prêmio de “marido do ano”. Por favor, “sejem menas” e parem, que tá feio.


O MÍNIMO que uma pessoa de qualquer sexo, a partir dos 12 anos de idade, pode fazer, sem ganhar parabéns por isso, é lavar a própria roupa de baixo!  

quinta-feira, 28 de maio de 2015

MULHER DA CABEÇA AOS PÉS


MULHERES
Cabelos – compridos. Lisos ou alisados. Se insistir nos cacheados ou crespos, devem estar muito bem cuidados. Não ouse ter cabelos crespos E destratados ou despenteados. Podem ser de qualquer cor, mas de preferência não naturais, mas também nada de cor exótica que não tem em cabelo de verdade. Tem que ser tingido, mas com aparência natural. Nunca grisalhos. Nunca saia de casa se as raízes grisalhas já estiverem aparecendo. Sempre sedosos e cheirosos.
Custo: Escova temporária: 35,00; Escova definitiva: 250,00; Coloração: 70,00; Hidratação: 50,00. 

A escova temporária, a coloração e a hidratação dá pra fazer em casa, mais barato, por sua conta e risco.
Tempo: Escova temporária: meia hora, pelo menos, toda vez que fizer. Coloração: 1 hora, uma vez por mês. Hidratação: meia hora, toda semana. 

Não esquecendo o tempo pra lavar, condicionar, secar e pentear todo dia: 15-30 minutos, por dia.
HOMENS
Cabelos – curtos, mas, se quiserem, podem ser compridos. Nesse caso, podem ou não estar penteados, lavados e cuidados. Você que sabe. Podem ser de qualquer cor, e grisalhos são um charme.
Custo: Corte: 5,00, por mês.
Tempo: 15 minutos, por mês.




MULHERES
Rosto – Pele sempre lisinha, como se se tivesse 12 anos. Para isso, lavar muito bem a pele todas as manhãs com produto específico pro seu tipo de pele, não esquecendo de passar o tônico ou adstringente logo depois, e finalizar com um hidratante também próprio pro seu tipo de pele e idade. Mulheres de diferentes idades devem usar diferentes produtos e o preço, óbvio, aumenta com a idade, já que o poder dos produtos aumenta junto. Repetir o processo à noite. Durante o dia, base pra cobrir imperfeições. Corretivo pra cobrir olheiras. Blush pra dar um ar saudável. Rímel pra abrir os olhos. Batom pra chamar atenção pra boca. Tudo isso muito leve e natural. Tem que estar maquiada, mas aparentando estar natural. Nunca dormir de maquiagem, sob o risco de envelhecer a pele.
Custo: Kit de limpeza e hidratação: 50,00 (aumenta consideravelmente com a idade); Kit de maquiagem básica (base, pó, corretivo, batom, rímel, blush): 100,00 por baixo, bem baixo.
Tempo: 10 minutos pela manhã + 10 minutos pela noite pra limpeza e hidratação; 15 minutos, pelo menos, pra maquiagem, pela manhã, mais retoques ao longo do dia.
HOMENS
Rosto – Com ou sem barba. Lavar o rosto de manhã, só com água mesmo.


Custo: kit de barba (opcional): 15,00; Água: de graça, na torneira.
Tempo: 5 minutos por dia pra fazer a barba (opcional).




MULHERES
Sobrancelhas – Nem um pelo fora do lugar, todos os excessos retirados, todas as falhas preenchidas. Nem um pelo a mais, nem um pelo a menos. Se os cabelos forem tingidos, tingir as sobrancelhas também, pra ficar mais natural. Se não tiver sobrancelhas bem desenhadas, há vários tratamentos pra desenhá-las artificialmente.
Custo: 20,00 no salão; De graça em casa, se você aguentar a dor de arrancar os próprios fios um a um, com a pinça, e tiver habilidade pra isso.
Tempo: no salão, uns 15 minutos; em casa, meia hora. Toda semana.
HOMENS
Sobrancelhas – O que tiverem naturalmente, sem problemas.
Custo: 0.
Tempo: 0.




MULHERES
Axilas – Sempre depiladas. Sob hipótese alguma, sair de casa com um pelo que seja aparecendo. Se não deu tempo de depilar, usar roupa de mangas, mesmo que esteja 37o à sombra. E, como não nos deixa esquecer a Dove, hidratar as axilas após a depilação. Se as axilas depiladas estiverem ressecadas ou escurecidas, também não podem ser exibidas em público, então usar sempre roupas de manga. Não importa o clima.
Custo: De graça, em casa, com lâmina, o que acaba com a pele a longo prazo. No salão, 10,00, com cera quente (ui!).



Tempo: Em casa, dois minutinhos, toda semana. No salão, não sei. Ajudem-me, amigas.
HOMENS
Axilas – Naturais também. Usar desodorante pra não ter mau cheiro.
Custo: Desodorante: 10,00.
Tempo: 10 segundos por dia.




MULHERES
Mãos – Pele sempre hidratada por produtos específicos pras mãos. De maneira nenhuma, usar o hidratante corporal também nas mãos. Unhas nem muito curtas, nem muito longas. Sempre feitas. Cutículas (proteção natural) retiradas. Uma camada de casco de cavalo. Uma camada de base. Duas ou três camadas de esmalte. Uma camada de extrabrilho. Spray pra secar. Repetir semanalmente, ou antes, caso descasque o esmalte.
Custo: Creme pras mãos basiquinho: 8,00; Unhas no salão: 15,00, toda semana.


Tempo: No salão: meia hora; Em casa: depende da habilidade. Eu chegava a levar de 2 a 3 horas fazendo as minhas. No mínimo, 1:30.
HOMENS
Mãos – Unhas cortadas e limpas são suficientes.
Custo: 0.
Tempo: 10 minutos por semana.




MULHERES
Pele – Sempre hidratada. Sem imperfeições. Manchas devem ser cobertas. Celulite e estrias também. Se for branca, deve ser bronzeada, mas não muito, apenas pra parecer saudável, sem parecer que passa o dia todo na praia.
Custo: Hidratante basiquinho: 15,00 (Cremes pra manchas, celulite e estrias são bem mais caros e pouquíssimo eficazes); Tratamento pra celulite no salão: 12 sessões de 199,00 (na promoção; o preço cheio é 400,00); Tratamento pra estrias no salão: 5 a 10 sessões, a 130,00 (lembrando que estrias não têm solução, só podem ser amenizadas).
Tempo: 15 minutos todo dia pra hidratação. Tratamentos variam, mas são bastante demorados e semanais.
HOMENS
Pele – Natural.
Custo: 0.
Tempo: 0.




MULHERES
Pelos – A pele deve ser lisa como a de um bebê. Qualquer pelo deve ser depilado, arrancado, puxado, eliminado, exceto os cabelos da cabeça e as sobrancelhas, como descrito acima. Caso não esteja com a depilação em dia, não saia de casa com roupas que exponham os pelos. Sexo sem depilação, nem pensar.
Custo: Depilação: buço: 10,00; meia perna: 20,00; virilha: 16,00; região pubiana: 29,00. Também dá pra fazer tudo em casa de graça, pelo preço da lâmina, ou um pouco mais caro, usando cera.
Tempo: Depende muito de quanto pelo se tem, mas,   por baixo, meia hora por semana, pra quem tem pouco pelo.
HOMENS
Pelos – Naturais também. Se quiserem, podem depilar que não serão mal vistos. E também não serão mal vistos se permanecerem peludos. Tanto faz.
Custo: 0.
Tempo: 0.




MULHERES
Cintura/Barriga – cintura marcada, barriga negativa. Se seu corpo for mais “reto”, há roupas e truques pra fazê-lo parecer mais acinturado. Não importa quantos filhos você teve, sua barriga tem que sumir em três semanas depois do parto. Afinal, se a moça da novela conseguiu, você também consegue.
Custo: Mensalidade da academia: 85,00 a mais chinfrinzinha.
Tempo: Pelo menos, uma hora de malhação 3x por semana, mas, dependendo da genética, só isso não será suficiente.
HOMENS
Cintura/Barriga – Naturais. A nova moda é o “corpo de pai de família”, com barriguinha de chopp.
Custo: 0.
Tempo: 0.




MULHERES
Pés – Pele sempre hidratada por produtos específicos pros pés. De maneira nenhuma, usar o hidratante corporal também nos pés. Repetir o processo das unhas das mãos pras unhas dos pés. Mas, pode ser de quinze em quinze dias. Joanetes e outras deformações são comuns, devido ao uso prolongado de sapatos de salto alto e bico fino.
Custo: Hidratante basiquinho pros pés: 15,00; Unhas no salão: 17,00, de quinze em quinze dias; Tratamento pra joanete: não tenho ideia de preço, mas não é barato.
Tempo: 10 minutos pra hidratar, todo dia; 45 minutos pra fazer as unhas no salão, de quinze em quinze dias (Em casa, se você tiver habilidade, umas 2 a 3 horas.)
HOMENS
Pés – Basta estarem limpos e com unhas cortadas.
Custo: 0.
Tempo: 10 minutos, de quinze em quinze dias.




MULHERES
Peso – Siga a fórmula: [altura em centímetros – 100] – 10 = peso. Ou seja, se uma mulher tem 1,65 cm de altura, deve pesar: [165 – 100] – 10 = 65 – 10 = 55 kg. Se pesar muito menos que isso, tá magra demais, anoréxica, varapau. Se pesar muito mais que isso, tá gorda, obesa, vai ficar doente.
Custo: Mensalidade da academia: 85,00 a mais chinfrinzinha.
Tempo: Pelo menos, uma hora de malhação 3x por semana, mas, dependendo da genética, só isso não será suficiente.
HOMENS
Peso – Nem muito magro, nem muito gordo, desde que esteja com saúde, tá bom.
Custo: 0.
Tempo: 0.


quarta-feira, 13 de maio de 2015

JOGO DOS 7 MIL ERROS - 5-7


ERRO NÚMERO 5: BOA ESPOSA É OUTRA COISA

Essa eu nem entendi direito: a boa esposa é a que não gasta em roupas, ou a que não mente pro marido? Sem esquecer que na imagem ela tá cozinhando, logo a boa esposa necessariamente cozinha pro marido, certo? Então, ser boa esposa é: cozinhar pro marido usando roupas velhas e nunca mentir pra ele? Hum... Mas, pelo que me ensinaram, ser boa esposa é estar sempre linda pro marido, cheirosa, limpinha e bem vestida. Então, a boa esposa é aquela que é capaz de estar sempre linda, mas sem gastar dinheiro, certo? Hum... Então, tá. Ser boa esposa é ser capaz de: fazer todo o serviço da casa (simbolizado aqui pela imagem da mulher cozinhando), estar sempre lindíssima (pros padrões: unha sempre feita, cabelo sempre arrumado, pela lisinha depilada, maquiagem perfeita, corpo durinho...), mas tudo isso sem gastar dinheiro, ok? Então, nas 24 horas do dia a mulher que é boa esposa – e consequentemente as que são solteiras, mas querem se casar – têm que trabalhar (porque mulher sustentada pelo marido é folgada, lógico), além de cuidar do corpo todo, mas sem, pra isso, ir no salão e gastar dinheiro, porque mulher que fica no salão o dia todo é fútil. Mas, tem que dar um jeito de, mesmo não gastando dinheiro, saber fazer as próprias unhas (inclusive a mão direita, ou esquerda pras canhotas), arrumar o próprio cabelo (que tem que ser comprido, claro), depilar o corpo todo (sem chorar!), saber automaquiagem (novamente, sem gastar dinheiro em cursos), e malhar (mas, sem gastar em academia).

Olha, acabei de descobrir que sou péssima esposa!

ERRO NÚMERO 6: QUANTA ROUPA É MUITA ROUPA?!

Mulheres são julgadas pelo que vestem o tempo todo. Se estão sempre com a mesma roupa, são julgadas como relaxadas, preguiçosas, porcas ou até promíscuas (porque se deduz que a mulher dormiu fora de casa). Se compram roupas, são julgadas como fúteis que gastam muito em coisas inúteis. Homens raramente são julgados assim (Lembram do apresentador de telejornal que usou o mesmo terno por um ano? Pois é.). Então, a lógica é: vamos julgar as mulheres pela variedade do que elas vestem, mas, se exagerarem demais, vamos julgar também. Será que pra ficar menos enlouquecedor, alguém poderia criar uma lista de quantos itens de cada roupa a mulher deve ter? Tipo 3 calças jeans, 2 camisas sociais etc? Assim, a gente não incorreria mais em nenhum dos dois problemas aqui descritos. Ah, esqueci! Tem revista feminina que já faz isso... Vou procurar uma lista aqui do guarda-roupa perfeito e ver o que tá faltando ou sobrando no meu, pra me ajustar.

ERRO NÚMERO 7: INFANTILIZAÇÃO DA MULHER

Esse aqui tem duas interpretações, que levam à mesma conclusão.

Se a mulher trabalha fora e tem salário: ela deveria gastar o dinheiro no que quisesse, dentro do que é combinado pelo casal sobre o gasto do dinheiro. Ou seja, se ela ganha x e as despesas, por ex, representam y, e eles dividem igualmente, logo, ela precisa guardar pelo menos y/2 pra pagar as despesas. Com o resto (x - y/2), ela deveria fazer o que quiser, sem se preocupar com o julgamento do marido, até porque se sabe que, em geral, quem é mais irresponsável com dinheiro é o homem e não a mulher. Mas, alguém aí já viu algum post assim sobre homens? Não, né? Nunca vi meme dizendo “pareço bom marido, mas compro vídeo-game escondido da esposa”. Chega a ser engraçado: homens em geral gastam muito mais em bobagens, mas as mulheres que são acusadas de fazer isso. Fora que ainda tá implícita aí a infantilização da mulher, que tem que mentir pro marido (como crianças mentem pros pais quando gastam demais em figurinhas ou chocolate!) pra poder gastar o próprio dinheiro no que quiser!

Se a mulher trabalha em casa e não é remunerada: se, por acordo do casal, a mulher fica em casa e faz tudo sozinha, já tá errado que ela não seja remunerada. O salário do marido não é só dele, é da família, pois foi decidido assim POR ELE MESMO em acordo com a esposa, ou, muitas vezes, sem acordo nenhum, só por imposição do machão mesmo! Ter uma empregada de graça em casa 24 horas por dia e não retribuir financeiramente deveria ser considerado escravidão, porque é isso que é. O trabalho doméstico não remunerado das esposas é uma das maiores crueldades do patriarcado/machismo porque transforma a mulher em uma criança (novamente a infantilização) que precisa pedir tudo ao marido. Alguns maridos “bonzinhos” dão até uma mesada pra esposa! = mais infantilização!

Esposa, quer ganhe salário, quer seja uma trabalhadora doméstica não remunerada, não é criança que precisa pedir autorização ao marido pra isso ou aquilo, ou mentir e se sentir culpada por “ter feito arte”.  

JOGO DOS 7 MIL ERROS - 3 e 4



ERRO NÚMERO 3: CORAGEM É OUTRA COISA

Tem uma frase que li numa revista adolescente há mais de 20 anos e jamais esqueci: ser corajoso é fazer o que se espera que se faça, sem muito pensar. Mas, pra ser covarde é preciso ter coragem (Eno Teodoro Wanke). Nesse sentido, pode até ser que seja mesmo corajoso emagrecer, já que é isso que se espera que se faça, e espera-se muito mais das mulheres. Mas, ainda seguindo a lógica da frase, ser covarde é que exige coragem: sair por aí gorda e pouco se importando com o padrão, e com a ofensa nos olhos alheios. Como dito no erro número 1, GORDA NÃO É OFENSA. Mas, a gordura ofende aos olhos da grande maioria da nossa população. Talvez porque a grande maioria sofra pra se manter num padrão, ou sofra por não estar nele, então, se aparece uma mulher gorda, e linda, e pouco se importando com a ofensa que está causando aos olhos alheios, como ela ousa? Como ousa andar por aí gorda desse jeito? Se eu não ouso, ninguém mais poderá ousar.

Coragem mesmo é sair de um relacionamento abusivo e denunciar o abusador, mudar-se pra uma cidade ou país onde não se conhece ninguém, mudar de profissão no meio da vida, não se calar diante de injustiças, mesmo sabendo que se pode sofrer consequências (até físicas), até mesmo saltar de bungee jumping eu consideraria coragem. Mas, emagrecer? Não. Até porque falo por experiência: já emagreci (e recuperei tudo de novo) umas dez vezes desde os 18 anos. O que foi preciso? 1. Muita lavagem cerebral pra eu me achar gorda e com a autoestima tão baixa, que acreditava precisar emagrecer, se quisesse ser feliz; 2. comer menos e, principalmente, comer menos porcaria; 3. fazer exercícios (essa é opcional, se o número 2 sozinho for suficiente, o que pra mim geralmente é). Hoje estou engordando de novo (depois de perder peso por motivos de saúde) e tô achando ótimo. Ser gorda, no nosso mundo, pode ser a maior ofensa ao status quo, e só isso pra mim já é motivo mais que suficiente pra ficar feliz em ser gorda.

Não, coragem não é necessário pra se emagrecer. Coragem mesmo é ser gorda num mundo gordofóbico.



ERRO NÚMERO 4: SER MAGRA NÃO É = SER SAUDÁVEL


Repararam no detalhe das sacolas de compras? A mulher que tem “coragem” pra emagrecer parece que só come salada, enquanto a outra se entope de pão e coxa de frango. Ou seja, toda pessoa magra se alimenta bem e é saudável e toda pessoa gorda se alimenta mal e não tem saúde. Não preciso nem dizer que isso é mentira, né? Obviamente, uma pessoa que não consegue sair da cama devido ao peso tem problemas sérios de saúde, mas não é o caso da mulher de vermelho no desenho. É uma mulher normal, que sai de casa, como se vê, logo deve trabalhar e fazer tudo que qualquer pessoa magra faz. Sem fazer um exame físico não podemos atestar quem está em melhor saúde. Aliás, só de olhar pra pessoa, não podemos saber quem se alimenta melhor. Tem muita mulher fazendo loucuras pra emagrecer, chegando ao ápice da loucura, que são os distúrbios alimentares que se acaba criando, isso sem falar em mortes durante cirurgias estéticas (sem culpabilização das vítimas por isso, ok?). Então, não, MAGREZA NÃO É SINÔNIMO DE SAÚDE, NEM DE ALIMENTAÇÃO CORRETA. Muitas vezes é mesmo o contrário. 

domingo, 3 de maio de 2015

RADICAL, SIM, OBRIGADA!

Eu sempre fui feminista. Muito antes de virar “moda”. Mas, eu nunca fui feminista. Não antes de redescobrir o feminismo, graças a essa “moda”.

Eu sempre achei que mulher deve trabalhar e ganhar o mesmo que homens, óbvio. São poucas as pessoas que conseguem ir contra essa ideia hoje em dia sem serem consideradas, no mínimo, ridículas. E que o trabalho doméstico deve ser dividido igualmente. E, aí já começa a complicar, né? Eu ficava indignada ao ver as colegas de trabalho que, antes de viajarem para passar a noite em outra cidade e trabalhar no dia seguinte, deixavam o almoço pronto pra todos os dias em que estariam fora! Também achava um absurdo que elas lavassem toda a roupa da casa, e fizessem toda a faxina etc. Com certeza, porque minha criação de classe média alta não foi pra nada disso, já que minha mãe sempre trabalhou fora e nunca fez questão de que a gente aprendesse a fazer nada em casa, pois sabia que nós trabalharíamos fora também. Também não me casei com um boçal que exigisse nada disso. Muito pelo contrário, quando alguém faz algo em casa, é ele. Então, eu concluía que a culpa daquilo tudo era das próprias mulheres que se casaram com esses trastes e que, portanto, gostam da situação péssima de dupla ou tripla jornada em que se encontram.

Eu nunca culpei uma mulher pelo próprio abuso, mas pensava “por que não se cuidou? Por que estava andando sozinha na rua a essas horas? Por que usou saia tão curta? Por que bebeu? Por que foi pra casa de estranhos?” O que dá no mesmo que culpar a mulher pelo próprio abuso. Eu me cuidava, eu nunca andava sozinha a certas horas, eu não usava saia curta, eu não bebia, eu não ia a casa de estranhos. Logo, eu estava safa e essas bobas só tiveram o que procuravam, ou foram ingênuas de não se cuidarem.

Eu acreditava que eu, inteligente e superior a outras mulheres, tinha tomado decisões individuais na vida que tinham permitido que eu escapasse de todas essas ciladas. Eu acreditava que tudo se devia a indivíduos resolvendo individualmente suas questões. Eu acreditava que o feminismo já tinha feito o que tinha que fazer e restava a nós agora apenas manter essas conquistas, escolhendo bem, e individualmente, condições que nos permitissem não cair em ciladas como as narradas acima.

Eu era feminista liberal e não sabia.

Eu não via que o que está por trás dessas questões é algo muito mais profundo, sistêmico, e que não pode ser combatido no nível individual, ainda que pequenas “revoluções” pessoais sejam possíveis e benvindas. Eu não via que as “escolhas” feitas por mim não são, nem nunca foram, “livres”, assim como as feitas pelas outras mulheres também não o são. Eu não via que, embora tenha escapado dessas ciladas, caí em muitas, muitas outras, porque, num sistema que te cria pra ser cidadã de segunda classe, é isso que vai acontecer, independentemente das “escolhas” individuais. Num sistema de classes, em que você faz parte da classe dominada, e no qual não há possibilidade de mobilidade social, há pouco que você possa fazer pra fugir da subordinação, principalmente se você não enxerga essa característica do sistema, ou melhor, não entende a própria fundamentação desse sistema bipartido. Num sistema que te ensina desde o berço, ou desde a ultrassonografia, a ser obediente, pacata, doce, cuidadora, há muito pouco a fazer pra fugir desses papéis, pois mesmo quem acha que foge, muitas vezes está tão ou mais enterrada neles do que as que nem tentam fugir. Quantas vezes já me deparei com mulheres que acreditam que, por não terem filhos, fugiram do papel de cuidadora, sendo que elas cuidam de tudo e todos a sua volta, menos de si mesmas? Não adianta não ser mãe dos próprios filhos, mas ser mãe de todos!

O feminismo liberal só trouxe conquistas mesmo pra uma classe: os homens. Obviamente, antes que me acusem de mal-agradecida, sei que devo muito às mulheres que lutaram antes de mim, pelo direito ao voto, ao trabalho, ao estudo, senão eu nem saberia escrever pra dizer isso aqui, e também pelo direito a usar calça comprida, cabelo curto, e ter “liberdade” sexual. Mas, tá na hora de ir além, porque esse feminismo superficial só beneficiou os próprios homens. Pra que serve o direito ao voto se, mesmo mulheres sendo 50% do eleitorado, a enorme maioria dos eleitos ainda é de homens? E, principalmente, homens que não pensam em fazer leis pra corrigir as diferenças entre os gêneros na nossa sociedade? De que adianta ter direito a trabalhar, e estudar, se junto vem a dupla (ou tripla) jornada, enquanto os homens continuam com apenas uma jornada, e nem mais a “obrigação” de sustentar a casa têm? De que adianta o direito de trabalhar e estudar, se junto vem a cobrança de ser uma supermulher, e todas as frustrações que acompanham o inevitável fracasso, inclusive o aumento nos problemas de saúde das mulheres? De que adianta a “liberdade” sexual, se ainda somos catalogadas em “pra casar” e “pra diversão”, como objetos que nunca deixamos de ser? De que adianta poder usar a roupa que quisermos, se seremos culpadas pelo próprio estupro, se não estivermos vestidas como “moças de bem”? Pra que serve esse feminismo que muda a superfície, mas não a raiz do problema?

E qual essa raiz? O sistema de gêneros. Hoje entendo que o fim do machismo só acontecerá quando não existirem mais gêneros, quando não existir mais mulher e homem, quando todos formos apenas gente. Quando a primeira pergunta que se fizer a uma mulher grávida não será mais “é menina ou menino” e, consequentemente, não começarão nesse exato momento as imposições sobre os seres que tiveram o “azar” de nascer na classe subordinada dessa sociedade. Não, não sou ingênua de achar que estarei viva pra ver esse dia. Nem mesmo de achar, dada a atual conjuntura, que esse dia algum dia chegará. Mas, não é por isso que deixarei de viver tendo como meta esse ideal, mesmo que, na prática, tenha que me contentar com as migalhas de igualdade que o patriarcado libera aqui e ali pra nos calar, pra não querermos que o feminismo avance em direção ao único fim possível pra misoginia: o fim do sistema de gêneros.


Eu não via. Eu passei a ver. E me tornei feminista radical. E agora não tem mais volta.  

JOGO DOS 7 MIL ERROS

É tanta coisa absurda que a gente vê nas redes sociais todos os dias, que comecei a “colecionar” algumas pérolas pra uso futuro, mas já estão superlotando minha memória, então vamos ao jogo dos 7 mil erros. Me perguntando aqui quantos anos levará pra chegar a 7 mil, mas infelizmente não acho que serão muitos...

Resolvi começar com este post aqui, pois o vi dezenas de vezes no meu feed, compartilhado inclusive por mulheres que costumam problematizar essas coisas:



ERRO NÚMERO 1: GORDA NÃO É XINGAMENTO

Antes de mais nada, é gorda, e não gordinha. As pessoas têm tanto nojo da gordura, que nem falar a palavra gorda conseguem. Então, seu único DEFEITO é ser/estar gorda? Não, mana, gorda não é defeito, gorda é tamanho! Ao compartilhar isso, você assina embaixo de uma mensagem que diz que ser gorda é um problema, é ruim, é algo negativo, que nenhuma mulher quer. Eu vivi 37 anos em guerra com meu peso e, só recentemente, entendi que ser gorda não é nem nunca foi problema nenhum pra mim, que o problema sempre foram os outros, aquele olhar de pena, tipo “se perdesse uns quilinhos, iria ficar tão linda”! Eu, finalmente, desencanei. É uma sensação maravilhosa poder comer qualquer coisa sem pensar em quantas calorias tem, pensar em fazer exercício apenas por motivo de saúde (ainda estou na fase do pensar, um dia chego na fase do exercitar propriamente dito), e só ficar triste em engordar, por perder várias roupas (mas, como ganho várias também, de quando estava mais gorda, é, na verdade, uma ótima forma de variar o guarda-roupa, sem precisar gastar dinheiro). E o primeiro passo é entender que GORDA NÃO É OFENSA!

ERRO NÚMERO 2: INJUSTIÇA É OUTRA COISA


Injustiça é esse monte de merda que a gente vê no noticiário todo dia, e não ser linda, divertida, inteligente e charmosa. Isso seria injustiça com quem? Com quem não é? E desde quando estamos no mundo pra competir pra saber quem é mais ou menos cada uma dessas coisas? Até porque não dá pra separar essas características assim, como se fossem quesitos de um concurso de miss! Ser inteligente te torna mais divertida, logo mais charmosa, logo mais linda! Além disso, tudo isso é discutível, porque vai depender de aos olhos de quem você é essas coisas e não de um parâmetro pré-estabelecido de pontos a serem conquistados em cada quesito! Podem acreditar que é discutível: tem gente, por exemplo, que me acha feia, chata, burra e sem charme! Mas, o mais importante aqui é: tá mais do que na hora de pararmos de competir por esse troféu que não receberemos nunca! Pra que compartilhar algo assim e estimular ainda mais competição inútil entre as mulheres? Competição essa, aliás, que só favorece aos... Homens! Seja linda, divertida, charmosa e inteligente o quanto você quiser. Não existe um total dessas qualidades no mundo, que, sendo demais de uma delas, você estaria tirando de outra mulher, ok? Lembre-se que injustiça mesmo é feminicídio, gente passando fome, trabalho escravo, mutilação genital, exploração infantil... Enfim, são tantas as injustiças verdadeiras que não precisamos espalhar boatos de injustiças falsas por aí.